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Em entrevista a Tribuna do Norte, deste domingo(29), o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, ao responder sobre política local, afirma que não será candidato ao governo e que o PMDB analisa a candidatura do ex-ministro Fernando Bezerra ao Governo do Estado. E destaca que o partido não terá vetos no diálogo sobre alianças.
O senhor será candidato a governador?
Não. Hoje em dia, minha visão é muito realista. Você não consegue no emaranhado de situações passadas, que estão cristalizadas, quebrar essas barreiras sem a efetiva parceria com o Governo Federal. O modelo federativo que está totalmente vencido, injusto com Estados e Municípios, precisa mudar. Enquanto isso não acontece, a realidade impõe uma relação muito participativa com o Governo Federal. Foi assim na Bahia, com Antônio Carlos Magalhães e Sarney presidente. Foi assim, no Ceará com Tarso Jereissati e o presidente Fernando Henrique Cardoso. E em Pernambuco, com uma parceria entre Eduardo Campos com o então presidente Lula. É preciso essa interação. É preciso um bom quadro no governo do Estado, capaz de ter a habilidade política, a visão social e buscar uma parceria respeitosa no Governo Federal. O meu projeto é me reeleger deputado federal, se assim os potiguares entenderem, e poder fazer essa parceria entre o governo estadual e federal, pelo convencimento.
Mas no governo não teria mais respaldo para manter esse elo?
Isso não pode ser uma coisa pontual. É preciso uma gestão permanente. Não é um governador que cuide em 48 horas. Ele dá o primeiro passo, mas é preciso alguém lá de forma integral. Do contrário, as coisas demoram muito, por falta de um relacionamento mais produtivo. Por isso, considero importante um governador aqui e alguém fazendo esta intermediação lá. E eu acho que esse papel pode me caber pela experiência acumulada. Para cá, vejo alguns nomes como o do ex-senador Fernando Bezerra que foi um líder, inclusive do governo Lula, muito conhecido, e eu tenho conversado sobre este nome. Eu o respeito como pessoa, como senador, como ministro e acredito que esse seja um nome que o partido possa levar para a convenção, o nome que será discutido em encontros regionais a partir de março com toda a sociedade, para candidatura do PMDB ao governo do Estado. Mas antes da questão do nome é importante que possamos levar vertentes de projetos, as propostas que o interlocutor do PMDB poderá apresentar por consenso.
E ele está motivado?
Esse é outro lado, só se ele estiver muito motivado. Vai enfrentar uma situação estadual muito difícil, como foi com Aécio Neves que passou os dois primeiros anos de muito desgaste político, de paciência, de medidas concretas, planejadas, que reagiram e tiveram bons resultados. Para isso, é preciso um governador de muita firmeza, muita sobriedade, autoridade para conduzir essas decisões com habilidade. Não é chegar e humilhar outro Poder, dizendo que não vai dar o que ele merece. Tem que negociar com habilidade, mas deverá abrir novos caminhos e precisará de paciência e compreensão, inclusive da classe política. Precisamos de um time de altíssima qualidade, altíssima competência na administração do Rio Grande do Norte.
Com quais partidos que o PMDB pretende fazer alianças para as eleições de 2014?
Será necessário muita paciência, sabedoria, experiência e humildade. Há uma aliança natural com o PT. Até porque somos aliados em âmbito nacional, porque não é só o governo da Dilma Rousseff, mas também do Michel Temer [vice-presidente da República], ou seja, é do PT e do PMDB. E assim como há PMDBs e PMDBs, também há PTs e PTs. No Rio Grande do Norte, a deputada Fátima [Bezerra] já passou por constrangimento, registrada em toda a imprensa, no processo eleitoral interno que culminou com o próprio PT tentando restabelecer a unidade. Há segmentos do PT aqui no Estado que, de maneira equivocada, radicalizam o processo e fazem julgamentos. Outro dado é que queremos a eleição da presidenta Dilma Roussef, que tanto olhou pelo nosso Estado. Mas o PMDB quer, de forma democrática e pelo convencimento, ter um candidato ao governo do Estado. E uma coisa não poderá anular a outra.
Então não haverá restrições que impeçam o diálogo previamente?
Eu dou um exemplo, o ex-presidente Lula, para eleger Fernando Haddad prefeito de São Paulo foi buscar o apoio de Paulo Maluf [deputado pelo PR] que era a antítese do PT. Mas ele entendeu pela estratégia nacional que era importante conquistar o apoio do Maluf. E não foi só para formar uma aliança com o PR. Ele foi pedir o apoio de Maluf, esteve na casa dele para pedir esse apoio. O povo de São Paulo entendeu e elegeu o candidato do PT que teve o apoio de Maluf naquela eleição. Então não vamos estabelecer vetos aqui. Queremos construir uma aliança que tenha estratégia, projetos claros, programas administrativos transparentes e bem definidos.
Fonte: Blog do Daltro Emerenciano
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