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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Uma das maiores empresas do mundo no segmento de cana--e açúcar “quebra”


Dívida da empresa com credores chega a R$ 300 milhões.
Escolha. Dedini optou por recuperação para evitar que pedido de falência feito por credor avançasse

Com passivo da ordem de R$ 300 milhões, o grupo brasileiro Dedini – tradicional fabricante de equipamentos para usinas de cana-de-açúcar e um dos maiores do segmento no mundo – entrou com pedido de recuperação judicial no Fórum de Piracicaba, em São Paulo, na última segunda-feira. Entre os credores estão trabalhadores, fornecedores, bancos e o Fisco.

Para o coordenador do curso de ciências econômicas do Centro Universitário Newton Paiva, Leonardo Bastos Ávila, o pedido de recuperação judicial de uma empresa tradicional e de grande porte mostra que o setor sucroenergético não está bem, mesmo com a melhora nas vendas de etanol, que em julho teve consumo recorde no país. Conforme a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), naquele mês o álcool chegou à marca de 1,55 bilhão de litros, maior volume já registrado em toda a série histórica, que começou em 2000.

“As dificuldades não são de hoje. São fruto da falta de incentivos, de uma política de Estado para o setor nos últimos anos. Há duas décadas o segmento passa por dificuldades”, observa.

O setor realmente vem passando por dificuldades. Conforme informações da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), 80 usinas fecharam as portas na região Centro-Sul do país desde 2008. Em 2015, outras dez sem condições financeiras ainda podem fechar.

Em Minas Gerais, nos últimos quatro anos, oito usinas foram desativadas, conforme informação da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig).

Atualmente são 67 unidades produtoras em recuperação judicial, considerando as usinas em operação e também as que estão inativas no Brasil.

O advogado Júlio Mandel, do escritório Mandel Advocacia, que está à frente do processo, diz que a opção pela recuperação judicial foi feita para evitar que um pedido de falência feito por um fornecedor prospere. No processo de recuperação, o advogado pediu urgência na análise pela Justiça para tentar evitar que a companhia quebre.

Com a recuperação judicial, a empresa terá um prazo de 180 dias para negociar com credores, sem que qualquer cobrança possa ser feita.

Além das dificuldades financeiras, há alguns meses a relação com os funcionários se deteriorou. Greves e paralisações têm sido comuns por causa de atrasos nos pagamentos dos salários e depósitos do FGTS, e ainda pelas demissões que a empresa vem realizando. A Dedini explica que “vem fazendo uma triste, mas necessária redução de seu quadro de colaboradores. Outras reduções de custo já vêm sendo planejadas e adotadas”, disse a empresa no processo judicial.

Fonte: Jornal O Tempo

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