Eram 7 horas da manhã desta segunda-feira, 29, bispos, padres, religiosos, leigos e representantes de organismos do governo federal já se concentravam ao lado da parede da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no município de Itajá (RN). Era o início da viagem da ‘Caravana Socioambiental em visita às obras de integração das bacias do Rio São Francisco.
A acolhida foi feita pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha. Logo no início, ele lembrou o significado bíblico da água, destacando que essa palavra (água) aparece 93 vezes na Sagrada Escritura, sendo 60 vezes no Antigo Testamento e 33 no Novo. Nas palavras de acolhida, Dom Jaime se inspirou em um discurso proferido pelo Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, conhecido como o ‘Profeta das Águas, por ocasião da inauguração do Canal de Pataxó, 29 de março de 1996.
Ainda, na Barragem Armando Ribeiro, houve uma celebração, dirigida pela Diocese de Mossoró. Após a celebração, a Caravana seguiu viagem.
Visita a Oiticica
Após percorrer cerca de 100 quilômetros, o grupo, coordenado pelo Arcebispo de Natal, chegou a Barragem Oiticica, no município de Jucurutu. O reservatório ainda está com 35% das obras concluídas. A parada foi na Comunidade Barra de Santana, que ficará coberta pelas águas, quando a barragem estiver pronta. Lá, a Caravana, reunida na capela, foi acolhida pelo bispo de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz. “Desde que cheguei a Caicó, tenho acompanhado a construção da barragem e a luta dessa comunidade. Tenho sempre a sensação de um perigo e de uma oportunidade. O desejo das pessoas pela construção dessa barragem começou há uns 50 anos. O perigo é: e se agora for apenas mais um momento nessa história? A oportunidade está na esperança de que, se concluída, é a garantia de água para o Seridó”, disse Dom Antônio.
Depois, o grupo ouviu a jovem Érika Nayara, representando a comunidade. Segundo ela, o sentimento das famílias que residem na Barra de Santana, hoje, é de angústia e de preocupação. “Vivemos angustiados, diante de tantas promessas feitas pelo governo federal e estadual, e não são cumpridas. É angustiante porque, hoje, temos nossas casas, mas, e amanhã, quando a barragem estiver pronta e encher, onde vamos morar? Há o Alto do Paiol, com a promessa de que construirão nossas casas lá, mas até agora nada foi feito”, desabafou a jovem.
No final da conversa, em Barra de Santana, o secretário geral de infraestrutura hídrica do Ministério da Integração, Osvaldo Garcia, informou que, pelo menos, o processo de licitação para a construção do cemitério da nova Barra de Santana já está andamento, junto ao governo estadual. Ele também ressaltou que, de primeiro de janeiro deste ano para cá, já foram liberados 18 milhões de reais para as obras de Oiticica. “Desse total, seis milhões são para indenização”, ressaltou o secretário.
Chegada a Paraíba
Depois de visita a Barragem Oiticica, o grupo seguiu para Caicó e, de lá, rumou para o Estado da Paraíba. O encerramento do primeiro dia de atividades da Caravana Socioambiental aconteceu na Catedral da Diocese Cajazeiras, com missa presidida pelo Bispo Diocesano de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz, e concelebrada pelos demais bispos e padres presentes na comitiva. A homilia foi proferida pelo Bispo da Diocese de Mossoró, Dom Mariano Manzana. Em sua fala, ele destacou o programa de cisternas, que permitiu que famílias pobres pudessem armazenar água. “A Igreja está em luta junto ao povo, em busca de soluções para esta problemática da água. Sabemos que a saída para vencer esta situação é a união entre todos”, frisou.
Ao final do primeiro dia, o Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, fez uma avaliação positiva dos trabalhos. “Saímos cedinho de Natal, com destino à Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Itajá. Depois, visitamos as obras da Barragem de Oiticica, em Jucurutu, que já está 35% concluída. Também tivemos a oportunidade de um momento de convívio com as famílias da Comunidade de Barra de Santana, que neste momento está sendo afetada pela construção das obras da Barragem, principalmente do ponto de vista jurídico e patrimonial, uma vez que a comunidade será inundada com a conclusão das obras da Oiticica. A urgência, neste momento, é para que estas pessoas sejam respeitadas”, alertou. Cerca de quatro mil pessoas residem no local e uma das principais queixas é a construção de um cemitério, que ainda não foi concretizada e, por essa razão, as famílias têm que levar os falecidos para outras cidades.
Fonte: ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA ARQUIDIOCESE DE NATAL
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