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sexta-feira, 30 de julho de 2021

FOME: 'Misturei ração no feijão pra ter o que comer', diz morador de Igarapé

Amigo gravou vídeo mostrando as condições de vida de Jorge Nonato e situação de extrema pobreza viralizou nas redes sociais.
O saco de ração de cachorro de 15 kg está dentro da casa de Jorge Gomes Nonato, de 51 anos. É dali que, por muitas vezes, ele tirou o que comer. Desempregado há cerca de seis anos, com a geladeira vazia, o morador de Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, precisou misturar ração com feijão para almoçar e jantar. Em conversa com a reportagem de O TEMPO, na manhã desta quinta-feira (29), ele contou as dificuldades que passa.

Nessa quarta-feira (28), a história de Jorge viralizou nas redes sociais depois que um amigo gravou as condições em que ele vive.

Após a repercussão das imagens, Jorge ganhou alguns alimentos. "Aqui estava faltando tudo: alimento, uma vida melhor, emprego. Muitas vezes não tinha nada aqui e, por isso, comi a ração. Ficar com fome não pode. A ração tem nutrientes, carne, osso. Misturei a ração no feijão para ter o que comer", desabafou.

O último dia que Jorge comeu ração foi na última segunda-feira (26). "Eu não desejo isso para ninguém. Isso é muito triste. Minha geladeira só tinha água e gelo. Eu podia ter corrido atrás das pessoas, mas eu fiquei sem graça de ficar pedindo porque eu sou homem. Já pedi muitas vezes, mas as pessoas falavam que se eu tivesse "mulher e filho para sustentar ajudariam", mas, como eu moro sozinho, não precisava", contou.

O homem mora com cinco cachorros em uma casa de três cômodos, sem banheiro. A fiação elétrica está exposta e com risco de curto-circuito. As necessidades fisiológicas são feitas do lado de fora do imóvel.

Jorge, sem entrar em detalhes, diz que tem duas filhas que moram em Belo Horizonte. A renda dele se resume a R$ 150 que ganha de auxílio. No imóvel é possível visualizar uma um acúmulo de objetos sem utilidade. Jorge diz que tem problemas na clavícula e sofre de depressão.

"A depressão é o que mais me machuca. A depressão vem e a gente fica muito derrotado, sem reação. Agora estão aparecendo anjos e estou começando a ficar feliz", afirmou enquanto chorava.

"Comi arroz, feijão e macarrão. Foi o melhor cardápio", diz Jorge

Após receber alimentos, Jorge preparou a comida e fez questão de contar qual foi o cardápio. "Fiquei feliz demais da conta, fiz arroz, feijão, macarrão, coloquei umas batatinhas que a dona me deu. Meu Deus do céu, foi o melhor cardápio. Que comida gostosa, comi umas três vezes e comecei a suar. Tive que parar para não passar mal", contou.

Amor pelo Galo:
Jorge torce para o Atlético, e o vídeo já chegou ao conhecimento do clube. Na parede da cozinha, ele tem o relógio com o escudo do Atlético. "Acompanho os jogos, ontem mesmo vi a vitória, sou Galo até morrer. O time é muito bom, tem o Hulk. Homem bom, joga por amor, não precisa de dinheiro. Se eu pudesse gostaria de conhecê-lo e os outros jogadores também", disse.

Jorge, que deseja arrumar um emprego, se emociou ao saber que a história dele chegou ao conhecimento de várias pessoas e uma onda de solidariedade foi formada.

"Que Deus abençoe todas as pessoas que estão me ajudando, que dê em dobro para eles. Que essas pessoas tenham muita fartura e saúde. Muito obrigada", finalizou.

Vídeo gravado por amigo
O vídeo de Jorge foi gravado pelo amigo dele, Cleison Borges Souza. Há alguns anos, os dois trabalharam juntos. "Eu já faço um trabalho social na cidade. Na segunda soube que ele estava precisando de ajuda. Vim na terça-feira e trouxe uma cesta básica. Fiz o vídeo para divulgar entre amigos para outras pessoas ajudarem. E foi parar na internet. Meu coração explodiu de alegria", explicou.

Quem quiser e puder ajudar o Jorge pode entrar em contato com o Cleison pelo telefone (31) 9 9328-3193.

Auxílio:
Após a repercussão do caso, a Prefeitura de Igarapé afirmou que a assistência social e a Secretaria Municipal de Saúde vão dar suporte a Jorge. "Ofereceremos algumas vagas de emprego disponíveis no site", diz a assessoria de imprensa em comunicado. Uma equipe de capina e poda também vai à casa dele para uma limpeza, e a equipe de zoonose dará suporte aos cachorros.

Fonte: O Tempo

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