Cuidado com o coração
Publicação: 24 de Outubro de 2013
O cardiologista do esporte, Felipe Guerra, dá conselhos aos corredores que vão participar da Meia Maratona de Natal, para que eles não enfrentem problemas
“A corrida de rua, hoje em dia, é o segundo esporte mais praticado em todo Brasil, ficando atrás apenas do futebol. Mas, os atletas precisam estar atentos para evitar problemas. Os mais normais, que são as lesões musculares e nas articulações, acontecem principalmente nos iniciantes. Agora, quem tem algum histórico familiar de doença cardiológica, seja ela precoce ou não, tem que ter um acompanhamento de um cardiologista quando iniciar seus treinamentos. Os hipertensos e os diabéticos também precisam ter um cuidado especial na hora de correr”, afirma Guerra.
O especialista em cardiologia esportiva faz um alerta para aqueles participantes da Meia Maratona que estão na faixa etária acima dos 35 anos: “A principal causa da morte no esporte, para aqueles atletas, sejam amadores ou profissionais, que estão acima dos 35 anos, é cardiovascular. Por isso, sempre é bom passar por um médico antes de iniciar qualquer tipo de treinamento. Até porque, às vezes as pessoas já tem um problema congênito e não sabe. Então, se consultar com um especialista pode evitar problemas futuros”, revela o cardiologista do esporte.
O coração é o órgão que precisa de mais atenção. O esforço cardíaco excessivo e a atividade física aeróbica sem a orientação de um profissional podem levar a complicações graves, como infarto, arritmias e, em casos extremos, à morte súbita.
Muitas arritmias cardíacas benignas aparecem em atletas de alto rendimento amadores ou profissionais, mas podem ocorrer arritmias graves nos mais sensíveis. É um alerta para quem não faz uma eficiente preparação médica e fisiológica: danos cardíacos tem sido descobertos em muitos desses descuidados.
O uso de anti-inflamatórios sem prescrição ou indicação médica, usados até para evitar dores, pode provocar efeitos colaterais no coração e vasos, além de danos ortopédicos. Por mascararem a dor –o aviso natural de problemas– eles podem encobrir danos mais graves.
“Todo exercício tem que se prazeroso. Se sentir dor, tem que parar. Dor no peito, falta de ar, tontura, são sintomas de que o organismo não está reagindo bem. Então, o melhor a fazer é parar e abandonar a prova e em seguida, procurar o médico para saber o que, realmente, está acontecendo”, finalizou Felipe Guerra.
Fique de olho
RISCOS CARDIOLÓGICOS APÓS A CORRIDA
O esportista com alguma doença cardíaca prévia e até mesmo uma virose não totalmente curada.
Aquele com algum sintoma cardiopulmonar durante os treinamentos ou na corrida (dores no peito, palpitações, tonturas falta de ar).
Os que desidratam com facilidade e não repõem adequadamente as perdas de líquidos e dos eletrólitos como o sódio e potássio.
Usuários de esteroides anabolizantes e os disseminados energéticos não autorizados ou proibidos pela Anvisa.
POSSÍVEL RISCO DE FUTURA DOENÇA CARDÍACA
Entre os corredores de alta intensidade é frequente maior tendência de arritmias cardíacas, em geral benignas, mas alguns mais sensíveis podem desenvolver arritmias mais graves.
Aparecimento de danos no coração dos maratonistas sadios. Alguns pesquisas feitas logo após as maratonas de Boston, e de Londres além da de São Paulo, mostrou em 40% dos esportistas examinados, elevação anormal das enzimas cardíacas. O real significado dessas alterações é ainda polêmico, mas serve de alerta para uma eficiente preparação médica e fisiológica.
Nunca tomar anti-inflamatórios sem prescrição médica. Além dos efeitos colaterais no coração e vasos, há enorme risco de piora das lesões ortopédicas, porque mascaram a dor, o aviso de algo anormal.
PREVENÇÃO DOS PROBLEMAS
Só devem participar de maratonas, aqueles que estejam, na ocasião da corrida, em perfeitas condições de saúde. Não aceite o estou meio bom!
Evitar participar de maratonas, os que não puderam se preparar adequadamente para este tipo de prova tão desgastante. Hoje em todas as provas, mundo afora, existe opção de correr menores distâncias durante aquela maratona.
Limitar a quantidade de participações dos não profissionais. O recomendado, do ponto de vista médico, são duas maratonas/ano no máximo. Em qualquer idade, em especial acima de 45 anos, fazer avaliação multiprofissional minuciosa, seis meses antes da maratona, incluindo o teste ergométrico até exaustão, com cardiologista.
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