O infectologista Kleber Luz alertou a comunidade médica potiguar para um alto risco de Natal registrar casos da Febre Chikungunya, nova doença transmitida pelo mosquito do genero Aedes – aegypti e albopictus. Um caso local suspeito da febre já está sob investigação, segundo Kleber Luz. Ontem (26), na palestra “Manejo terapêutico da febre chikungunya”, no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, o especialista afirmou que 70% da população de Natal vive em condições vulneráveis, semelhantes às de áreas onde o vírus circula, e portanto têm chances de contrair a nova febre.
Recentemente, o médico visitou a cidade mais próxima com registro da doença, o município de Feira de Santana (BA), onde 14 casos já foram confirmados, segundo dados atualizados ontem pelo Ministério da Saúde. Kleber relatou que está em observação um homem de 51 anos que saiu de São Paulo com destino ao Rio Grande do Norte.
A viagem durou 15 dias e passou pela cidade de Feira de Santana. Em Natal, ele se instalou no bairro de Pajuçara, na zona Norte. “O homem está internado no hospital Giselda Trigueiro há 20 dias com os sintomas de Chikungunya. A sua principal queixa ao chegar em Natal foram as fortes dores nas articulações e febre há seis dias. Fizemos 13 exames e não se chegou a uma conclusão para outras doenças, mas faremos novo exame, desta vez, para Chikungunya”, afirma Kleber Luz.
No entanto, segundo a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), Stella Leal, no Rio Grande do Norte, nenhum caso chegou a ser notificado até o momento. Ela afirma que o momento é de alerta e orientação aos profissionais. A secretaria está ministrando aulas e palestras aos profissionais da saúde para que eles fiquem atentos e tomem com cuidado com sintomas característicos. Ainda segundo a Sesap, planos de contingência local serão elaborados.
Ontem, ao fazer um balanço da dengue, Stella Leal, disse que o vírus da nova febre “vai chegar. Estamos só nos preparando”. Além dos registros em Feira de Santana, dois casos foram registrados no Oiapoque (Amapá).
Na palestra de ontem, Kleber Luz explicou que, inicialmente, a doença se assemelha à dengue e depois à rubéola. Porém, as fortes dores articulares diferenciam os casos. “O ciclo de transmissão da doença é mais rápido do que o da dengue. O paciente vai ser picado pelo Aedes e o vírus vai para a corrente sanguínea. Da corrente, ele vai invadir as articulações. O vírus induz uma forte reação inflamatória, que é responsável pela dor articular. Além da dor o que mais acontece é o inchaço. Já na dengue o vírus causa dor nos ossos e a febre é mais baixa”, disse ele.
Stella Leal lembra que a doença é semelhante à dengue, mas o manejo é diferente, e a letalidade é menor. “Em compensação é uma doença mais difícil. Na dengue, de sete a 15 dias você começa a se reestabelecer, na febre não: quanto maiores as dores, maior a chance de deformidades”, afirma.
Segundo Kleber Luz, até o momento não existe tratamento específico, este se dá basicamente com o uso de analgésicos, hidratação e repouso. Ele afirma que a principal arma contra a doença é a prevenção. “A transmissão é feita pela picada do mosquito da dengue. Por isso, é tão importante que se faça efetivas ações de prevenção, evitando acúmulo de água e cobrindo reservatórios”, ressaltou.
A atenção redobrada nos sintomas foi a principal orientação dada pelo especialista, pois a doença afeta de maneira grave os pacientes que já possuírem outras enfermidades. Kleber Luz alerta que algumas pessoas terão a persistência das dores articulares e que esse é o maior fator incômodo, pois, afeta em sua maioria, a qualidade de vida.
Fonte: Tribuna do Norte
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