Marieta Medeiros, de 71 anos, realizou desejo antigo após morte de marido.
A idosa concluiu a 16ª tatuagem, o rosto de Jesus, nesta quarta-feira (1).
Ter tatuagens sempre foi uma vontade de Marieta de Souza Medeiros, de 71 anos. No entanto, a idosa nunca sequer falou sobre o assunto até a morte do marido há dois anos. Depois de viúva, o desejo foi posto em prática e em pouco mais de um ano foram 16 tatuagens feitas no corpo. A maioria dos desenhos são homenagens a familiares e imagens religiosas, mas também houve espaço para o clube do coração e outros símbolos que marcaram etapas da vida da dona de casa Marieta.
"Quando gostamos de algo não tem idade para fazer", diz a dona de casa, que escolheu um desenho da Estrela de Davi como primeira tatuagem. "Assisti a um seriado e me apaixonei pelo personagem de Davi", conta. De acordo com Marieta, nada de nervosismo ou dor na primeira sessão de tatuagem. "Foi tranquilo. Dói um pouco, mas meus dois filhos foram de parto normal. Sei bem o que é dor", brinca.
A 16ª tatuagem, uma imagem do rosto de Jesus nas costas, foi concluída nesta quarta-feira (1). "Passou a ser a minha favorita", revela Marieta. A próxima já está agendada e será um beija-flor desenhado na panturrilha. Além dela, a dona de casa adianta que vai tatuar a frase 'Livrai-me de todo mal, Amém'. De desenhos de cunho religioso, a idosa ainda tem um terço no ombro, uma melhada de São Bento e um anjo da aguarda, que era tatuagem preferida antes do recente rosto de Jesus.
Para a família, Marieta já tatuou duas estrelas com as iniciais dos dois filhos e oito andorinhas em homenagem aos netos. Uma amiga que faleceu ganhou uma lua nova. "Por meio do desnho gosto de homenagear pessoas e ter isso no meu corpo. O fato de ser católica influencia os símbolos religiosos", explica. As tatuagens também incluem uma âncora, uma borboleta e o escudo do clube de coração, o Botafogo, do Rio de Janeiro.
Responsável pelo desenho da última e de outras tatuagens da idosa, o tatuador Ruy Pinheiro relata que foi procurado por Marieta após uma indicação. "Foram três tatuagens na primeira vez. Não é tão comum tatuar pessoas dessa idade, mas já fiz. Uma delas é minha mãe. O que percebo é essas pessoas se expressarem muito com imagens religiosas por terem identidade com a religião", detalha. Para Pinheiro, a conquista de liberdades individuais explica o fato de pessoas mais velhas estarem procurando as tatuagens. "É maravilhoso", diz.
Sobre a reação dos familiares, Marieta conta que o gosto pelas tatuagens dividiu opiniões. "Minha irmã diz que sou louca, minha filha quer me internar no João Machado (hospital psiquiátrico de Natal). Meu filho é mais tranquilo e até coloca minhas tatuagens nas redes sociais. Sou sou dona de mim e quem paga sou eu. Temos que fazer o que gostamos. O negócio é ser feliz", conclui Marieta.
G1 RN
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