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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Papa revela a jornalistas que mandou investigar padres suspeitos de pedofilia

D’O Globo:
‘A verdade é a verdade, não podemos escondê-la’, diz Papa Francisco sobre pedofilia
Pontífice contou detalhes da sua atuação no caso dos três padres e do professor de religião presos sob acusação de abuso sexual


ESTRASBURGO (França) – O Papa Francisco contou a jornalistas, durante o voo que o levou ontem à cidade francesa de Estrasburgo, onde discursou sobre imigração no Parlamento Europeu, detalhes da sua atuação no caso dos três padres e do professor de religião presos sob acusação de abuso sexual de menores em Granada, na Espanha. Francisco confirmou que foi ele mesmo quem, depois de receber a carta do jovem de 24 anos que vem sendo identificado como Daniel, ligou para o arcebispo da província de Granada e determinou uma investigação imediata e expressa.

- Recebi a carta, li, telefonei para a pessoa e disse: “vá amanhã falar com o bispo”. Depois, escrevi ao bispo para que começasse o trabalho, para que fizesse a investigação e fosse adiante – descreveu o Papa, que emendou:
– Como estou vivendo essa situação? Com grande dor, com grandíssima dor. Mas a verdade é a verdade, e não podemos escondê-la.

O mais impactante caso de pedofilia na Espanha em anos cresceu ontem, com a divulgação, pela polícia, de que há pelo menos uma outra vítima confirmada dos sacerdotes e do professor. Os quatro integram um grupo chamado “Os Romanones”.

Os religiosos presos são Román V., padre descrito por Daniel como “o diretor”; Manuel M. M., que substituiu Román à frente do grupo há três anos; e Francisco Javier C. M. O leigo foi identificado como Sergio Q. M. Os presos continuam na Sede da Polícia da Andaluzia Oriental, em Granada, e, por determinação judicial, estão incomunicáveis. Outras oito pessoas são investigadas, sendo sete religiosos e um leigo.

A contundência do Papa se refletiu num gesto de contrição do arcebispo de Granada, sob o qual estavam, hierarquicamente, os acusados. No último domingo, diante do altar da catedral da cidade, Francisco Javier Martínez pediu perdão pelos “escândalos que têm afetado a Igreja”. O prelado permaneceu prostrado durante vários minutos junto a outros religiosos e diante dos fiéis presentes à missa das 12h30m. O gesto só é feito nas Sextas-Feiras Santas.

- Os males da Igreja são os males de cada um de nós – disse o arcebispo, que pediu perdão pelos “danos” e “escândalos” conhecidos esta semana.

No início do mês, Francisco criou uma nova comissão para tratar dos recursos apresentados por sacerdotes acusados de abuso sexual de menores. O objetivo é dar celeridade aos processos e pôr fim à impunidade de que muitos dos acusados por tais crimes gozaram ao longo de décadas. O Vaticano recebe quatro ou cinco apelos por mês de “delicta graviora”, expressão que define crimes como abuso sexual de menores por membros do clero.

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