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domingo, 30 de novembro de 2014

Vitória de Camila: de rebelde a campeã

O roteiro da vida de Camila Vitória Xavier, 13 anos, é como o de um filme: uma garota problemática no colégio é convidada para iniciar uma atividade esportiva, se apaixona pelo esporte e acaba se transformando numa grande campeã. Dessa vez a vida é quem está imitando a arte, para satisfação do professor Alexandre Magno, que no final de semana passada viu a sua aluna se transformar em campeã sul-americana de judô, em Lima no Peru.
junior santosCamila Vitória Xavier, de 13 anos

A menina que já tem a Vitória como sobrenome, vem sendo considerada como um verdadeiro achado para o judô potiguar, pois com um ano e meio de treinos ela já conseguiu um cartel que, para o técnico e professor Alexandre Magno, é de impressionar.

“É muito raro um atleta com tão pouco tempo de treinamento estar pronto para competir. Camila é muito dedicada, sabe que chegou depois de suas oponentes no judô e, por isso, deve se dedicar mais e assim vem conseguindo surpreender as adversárias que, tecnicamente, são mais qualificadas”, ressalta.

Foi um apelo de uma mãe desesperada, que pode ter dado ao Rio Grande do Norte a chance de conhecer uma atleta de bastante futuro e que, se não desanimar por algum motivo e seguir na carreira com dedicação, terá uma grande oportunidade de estar representando o Brasil na Olimpíada de 2020.

“A mãe de Camila é empregada na casa de dois alunos meus, que falaram sobre o problema dela com a filha que estava dando muito trabalho na escola. Faltando aula e até pulando os muros para fugir da escola. Diante da situação pedi para que eles trouxessem a menina para treinar sem pagar nada, com bolsa integral com a turma no Colégio CEI. Como o Judô é um esporte que exige muita disciplina, bastou apenas eu dar essa explicação para ela. Dali em diante eu não tenho nada a reclamar, ela me dá motivos apenas para elogios”, salientou Alexandre.

Fenômeno 
Com alguns meses treinando, ela já conseguia bater adversárias que para muitas alunas até com mais tempo de judô, eram imbatíveis. Com a melhoria de sua condição técnica, Camila passou a fazer jus a um dos sobrenomes e acumulou vitorias. Primeiro foi campeã dos Jern’s disputando a competição pelo Colégio Municipal Luiz Maranhão Filho, em Parnamirim. Depois vieram o terceiro lugar nos Jogos Brasileiro da Juventude, em Londrina (PR) e o vice-campeonato brasileiro, no Amapá, resultado que a credenciou como a representante feminina da categoria sub-15 no Sul-americano.

“Um atleta do Nordeste, ainda mais do RN, fazer parte de uma seleção brasileira já podemos dizer que é uma dificuldade muito grande. Ela ainda chegar lá e trazer o título sul-americano, é outro feito maior ainda. Há cinco anos não se via nenhum potiguar conseguir uma escalada como essa”, comemora o treinador.

Segundo Alexandre Magno, Camila reúne condições que fazem parte do histórico de vida dos grandes atletas, aquelas pessoas diferenciadas. Primeiro assimila muito bem as coisas que são passadas para ela, segundo é dedicada e não se esconde do treinamento, terceiro é o jeito tímido. “As pessoas muito extrovertidas por serem assim geralmente desviam o foco, ela não. A timidez de Camila faz ela manter o foco fixo naquilo que deve fazer na luta”, explica Magno.

Mas o sucesso dessa menina talvez não tivesse rompido os limites do Rio Grande do Norte se não fosse o apoio do grupo de pais dos alunos do Colégio CEI (Romualdo Galvão), que através de cotas e apoio de algumas empresas conseguiram levantar os recursos suficientes para oportunizar Camila Vitória mostrar todo seu talento no Peru. A viagem da atleta junto com a do seu treinador beirou a casa dos R$ 8 mil, recursos levantados com cotas e a participação de empresas como a Academia Arena, Dois A Engenharia, Locainfo, Shopping Cidade Jardim, Arabella Turismo e o próprio CEI.

A campeã sul-americana, que sequer saiu da faixa azul, já despertou a cobiça de representantes de outros estados, mas Alexandre Magno acredita que é muito cedo para deixar a atleta sair. “Tenho muito cuidado com essas coisas. Primeiro por ela ser uma garota imatura ainda, então quando envolve mulher nós temos de ser mais criteriosos com isso. Outro ponto é que no nosso estado nós temos uma estrutura boa para trabalhar o aluno num nível bom até a categoria sub-18. Depois desse patamar, quem for bom e tiver meta de ser atleta olímpico deve sair mesmo e passar a treinar com pessoas que têm foco e participam da seleção brasileira. A oportunidade dela ainda vai chegar”, afirma.
Fonte: Tribuna do Norte 

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