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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Brasileira é encontrada viva, após terremoto no Nepal

Mariana está em um vilarejo a cerca de 10 km da capital, onde dá aulas de capoeira para crianças e pratica yoga

Após quase 16 de horas de aflição à espera de notícias de Mariana Malaguti Uchôa, 26, os pais da designer que está no Nepal em uma viagem sabática tiveram informações sobre a filha. O pai, Paulo Uchôa, contou que recebeu um telefonema por volta das 2h da madrugada de hoje de um cunhado, avisando que Mariana tinha acabado de postar uma mensagem no Facebook. Na sequência, ela enviou um breve e-mail para os pais: “Estou em um lugar seguro, fiquem tranquilos. Menos medo”, relataram eles ao Estado.

O recado encerrou um período de agonia de Paulo e sua mulher, Cristina Malaguti Uchôa. “Ficamos o dia inteiro sem informação, foi horrível”, disse o pai. A descoberta sobre o terremoto no Nepal, que deixou mais de 2.000 mortos, ocorreu na manhã de sábado, quando Cristina acessou um portal de notícias.

Em um primeiro momento, ela não sabia que a filha estava numa cidade próxima a Katmandu, epicentro do terremoto. Paulo, ao ver que o número de mortos aumentava, decidiu contar para Cristina que a filha deles estava numa cidade próxima ao epicentro da tragédia.

“Quando contei onde ela estava, deu pane geral aqui, começamos a entrar em parafuso. Eu já estava muito ansioso e ela (mãe) ficou também. Decidimos mobilizar amigos para ajudar a localizar a Mariana”, afirmou Uchôa em seu apartamento, na Gávea, zona sul do Rio. Ele entrou em contato com uma amiga que já foi à Índia algumas vezes, professora de yoga. “Ela acionou contatos que tinha lá”.

O movimento de busca pela jovem cresceu nas redes sociais. “Um grupo de nove indianos receberam a mensagem e, coincidentemente, quatro deles conheceram a Mariana lá. Um deles falou que esteve com ela antes do terremoto. Logo depois, ela entrou no Facebook, ficou sabendo que estávamos apavorados e se manifestou”. Os pais passaram o sábado ao lado do telefone e acessando a internet, na esperança de que ela mandasse algum recado.

Mariana está em um vilarejo a cerca de 10 km da capital, onde dá aulas de capoeira para crianças e pratica yoga. Em seu relato no Facebook, disse que no local onde está não houve “muitos danos físicos”, uma vez que a cidade tem pequenas construções.

“Pude sentir muito forte o tremor aqui, e mais uma vez pude acreditar e vivenciar a potencia da natureza. Parece que o tremor pode voltar hoje, mas estou em área de segurança, não tem grandes prédios nem construções”, afirmou aos amigos, a quem pediu calma e acrescentou: “Aqui a terra treme e ai os corações palpitam!”.

A viagem da designer, programada por um ano, teve início em dezembro de 2014, quando a jovem foi para a Índia, onde percorreu diversas cidades, e depois seguiu para o Nepal. Ela já tinha ido embora do País, mas decidiu voltar. Há cerca de 15 dias está no Nepal. “Ela se identificou muito com a cultura deles. Foi uma primeira vez, seguiu viagem, mas depois voltou. A volta não estava prevista”. Os planos de Mariana são seguir a viagem a partir do fim do mês, quando programa viajar para a Indonésia. O retorno para o Brasil está previsto para agosto.

A preocupação da família foi agravada pelo fato de Mariana ter perdido o celular. Os contatos são feitos semanalmente, por e-mail. Antes da madrugada de hoje, o último e-mail foi enviado na quarta-feira. Apesar de já terem recebido notícias da jovem, os pais querem agora ouvir a voz da filha, mas sabem das dificuldades de comunicação no País. “Parece que existe tendência de permanecerem os abalos naquela região por mais 15 a 20 dias. Queremos falar isso para ela”.

Na manhã de domingo, o clima na casa de Mariana era de alívio. “Estou moído, parece que levei uma surra. É uma sensação de impotência absurda”, disse o pai.
Por Estadão Conteúdo

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