De carro mais popular do Brasil a item de colecionador. O Fusca, que nas décadas de 60 e 70 liderou as vendas no país por 24 anos seguidos, anda sumido das ruas, mas, perto de completar 79 anos, continua sendo uma das grandes paixões nacionais e mundiais. Tanto que tem duas datas dedicadas a ele — o Dia Nacional do Fusca, 20 de janeiro, e o Dia Internacional do Fusca, 22 de junho, que será comemorado em várias partes do planeta por milhares de apaixonados pelo automóvel mais popular e icônico da história.
Ana SilvaO evento de hoje é organizado pelo Fusca Clube que tem 35 associados. A carreata é aberta a quem quiser participar
Na capital potiguar, assim como em inúmeras cidades brasileiras, clubes de fissurados por Fusca, que no país chegam a centenas, não deixarão a data passar em brancas nuvens. Aqui, o Natal Fusca Clube, que congrega 35 associados, está organizando uma carreata saindo do Seaway Shopping, na Av. Roberto Freire, às 8h deste deste domingo.
Criado no ano passado, o clube é bem recente, mas a história de amor dos colecionadores por seus carros é antiga. Presidente da associação, o gerente comercial Paulo Renato França, 28, tinha apenas 9 anos quando o Fusca parou de ser fabricado no Brasil, em 1996, mas sua paixão pelo carro vem de muito antes.
“O Fusca é como um membro da família. Praticamente todo mundo já teve alguém na família que possuiu um. Acredito que esse amor todo vem do valor sentimental, da memória afetiva”, diz Paulo, cujo carro, um modelo clássico, de 1979, pertenceu a seu bisavô. Só que o rapaz não recebeu o automóvel de herança. A história, iniciada em Fortaleza, no Ceará, é comprida e comovente.
“Meu avô morreu um dia antes de eu nascer. Desde pequenino eu adorava o carro, vivia brincando nele, até que minha bisavó deu a uma tia minha, que passou pra frente. Ela vendeu por um valor irrisório, o equivalente a R$ 1.500 nos dias de hoje”, conta Paulo, que só conseguiu reaver o carro já adulto, há pouco menos de dois anos, depois de muito procurar por ele. “Encontrei o Fusca todo modificado e acabei comprando com dinheiro emprestado por um tio-avô. Eu até vinha juntando uma grana pra isso, mas tive que usar para me tratar de um problema grave de saúde”, conta Paulo, que pagou R$ 6 mil pelo carro e mais cerca de R$ 15 pra deixá-lo como era originalmente.
Também membro do Natal Fusca Clube, o administrador de empresas Sérgio Luiz Lima de Almeida, de 51, reforça o que seu colega diz sobre a ligação afetiva dos donos com seus carros. O zelo e o mimo são tão grandes que ele mantém o seu, um modelo da série ouro de 1996, coberto com uma capa, e só o tira de casa duas vezes na semana — para as reuniões do clube, toda terça-feira às 20h, no Seaway, e para dar banho no lava jato. “Não é para andar diariamente. É item de colecionador”, diz Sérgio.
Quem puder acompanhar a carreata promovida pelo Natal Fusca Clube neste domingo, 21, vai ver como os carros são especiais. Um deles chama atenção por imitar a pintura do carro branco dotado de vida própria, com uma incrível inteligência, carisma e personalidade, do filme “Herbie - Se Meu Fusca Falasse”, produzido pelos estúdios Disney originalmente em 1969.
Carreata
Dia 21 de junho (domingo)
Hora: 8h
Local: Shopping Seaway (av. Roberto Freire)
Roteiro: Av. Roberto Freire, Via Costeira, Praia dos Artistas e do Meio, Ladeira do Sol, Av. Hermes da Fonseca/Salgado Filho e BR-101, com destino ao município de Monte Alegre, onde será realizada uma feijoada comemorativa.
Curiosidades
Conheça detalhes da história do Fusca
O Fusca foi criado a pedido de Hitler a Ferdinand Porsche e foi nomeado, primeiramente, de Volkswagen (carro do povo).
Os primeiros protótipos do veículo ficaram prontos no dia 10 de outubro de 1936.
No Brasil, chegou em 1950 e sua fabricação foi iniciada em 1959, conquistando a liderança de vendas por 24 anos seguidos.
Após vários apelidos, foi oficialmente nomeado Fusca em 1984.
Sua produção no Brasil se deu em dois momentos. O primeiro foi entre 1959 e 1986, com total de 3,2 milhões de unidades fabricadas.
O carro voltou em 1993, com apoio do então presidente Itamar Franco - por isso, ficou conhecido como "Fusca Itamar". Ele foi feito até 1996, com 50 mil exemplares produzidos.
No mundo todo, o último país a encerrar a fabricação de Fusca foi o México, em 2003.
No Brasil, estima-se que existam centenas de clubes que cultuam o Fusca. Só no estado de São Paulo são mais de 50.
Fonte: Tribuna do Norte
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