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domingo, 20 de dezembro de 2015

Casal larga profissões e monta cafeteria itinerante que está em Natal


É impossível passar em frente, sentir o cheiro de café recém-feito e ficar indiferente ao Canela Café, um motorhome que tem muita história para contar a quem pedir uma xícara de capuccino.
O café de Mirna Oliveira, 31, e Robison Portioli, 30, foi inaugurado há três meses no Fest Bossa e Jazz, em São Miguel do Gostoso. Nos últimos dias, a estrutura está montada na Praça da Árvore de Natal, no bairro de Mirassol, Zona Sul de Natal. 

O motorhome “Canela” existe desde 1994, quando o pai de Robison largou o emprego em uma multinacional em Curitiba (PR), vendeu tudo – inclusive a casa em que morava com a esposa e os três filhos (Robison e duas irmãs) – e decidiu comprar o ônibus para viajar com a família pelo Brasil. 

“Foram aproximadamente quatro anos viajando direto, dos meus sete aos 11 anos. Depois a gente parou na praia de Carapibus, na Paraíba, e moramos no motorhome por alguns anos, e de vez em quando íamos para Fortaleza e arredores”, recorda Robison. Depois de oito anos na Paraíba, a família fez a primeira reforma do “Canela” – que ganhou esse nome porque a família tinha “sebo nas canelas” – e foi para o Mato Grosso do Sul, onde deu uma pausa nas viagens e mora até hoje. 

Já Robison Portioli voltou para Curitiba. De lá, em 2007, após concluir os estudos em mecatrônica, decidiu viajar e voltou a João Pessoa. Foi na capital paraibana que conheceu Mirna, uma potiguar que fazia faculdade de jornalismo na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A história do Canela Café poderia iniciar aí, onde começou a amizade, mas essa ideia ainda nem passava pela cabeça dos dois.

Depois de um tempo na Paraíba, Robison, aos 23 anos, partiu numa jornada de moto por vários países da América do Sul. Enquanto Mirna foi estudar na Croácia. Mesmo assim, estavam sempre se comunicando. Ele voltou ao Brasil, escreveu um livro sobre sua aventura e decidiu continuar viagem seguindo para a Irlanda, Vietnã e Nova Zelândia. Durante a viagem, Robison fez cursos sobre fabricação de café. “Eu fui para a Alemanha nesta época. Nós nos reencontramos na cidade de Curitiba apenas em 2013”, conta Mirna. 

Quando reencontrou os pais, Robison se deparou com o ônibus da família parado e precisando de reforma. Entre conversas com Mirna, surgiu a ideia de adicionar um café ao “Canela”.

“Eu voltei ao Brasil sem estar certa se queria seguir na área acadêmica e comecei a sonhar em abrir um café, porque quando estava na Europa tinha uma paixão por isso, visitei muitos cafés e adorava degustar. Aí quando eu soube que ele queria reformar o ônibus que passou a infância, eu falei ‘por que a gente não abre um café? ’”, explica Mirna.

Durante um ano, enquanto cada um trabalhava em sua área de formação, eles fizeram do “Canela” a própria residência e amadureceram ali a ideia de abrir um negócio. 



Café do "Canela"

Após dois anos analisando conceito, estratégias e logística, em julho deste ano eles decidiram montar o negócio. Apostaram em feiras ligadas à literatura, música e gastronomia – mas bem longe da região sul do país. “A gente escolheu Natal para montar negócio e a ideia é ir e voltar; para João Pessoa, Pipa, Ceará… mas não pro Sul, porque a gente acha que já passou o frio que tinha que passar”, brinca Mirna.

Segundo ela, São Miguel do Gostoso deu muita sorte para o negócio. Lá, fizeram amigos e clientes fiéis que vão sempre ao encontro deles. “A gente pensou não só num modelo de negócio, mas num estilo de vida. É como se a gente tivesse aberto a porta da nossa casa”, diz Mirna.

É possível ver o estilo do casal em cada detalhe da decoração: nos móveis feitos por Robison, nos mapas e postais de lugares que passaram pregados nas paredes, e inclusive na música que toca no espaço: jazz e blues dos anos 1920. Robison trabalhou sozinho nas reformas, feitas em troca do usufruto do motorhome por cinco anos. “Depois das viagens que eles fizeram quando criança, o ônibus ficou encostado, estava sem condições de uso, com muita ferrugem até. Aí, Robison refez toda a lataria e todos os móveis. As prateleiras foram feitas por ele. Por mais que não tenha luxo nem sofisticação, tem atenção e cuidado em cada cantinho”, relata Mirna. Isso não podia ser diferente nos pratos servidos.

“Nós fabricamos tudo, mas nunca trabalhamos com gastronomia, nem temos formação nessa área. Eu aprendi no olho e com as coisas que ia provando e gostando”, revela Mirna. Ela conta ainda que muitas das escolhas para o cardápio base foram feitas entre comidas que eles gostam de comer e imaginam que os clientes vão gostar também.

Até o grão usado por eles, que vem da Fazenda Ninho da Águia, no Alto Caparaó, em Minas Gerais, também foi consequência de uma das aventuras. Segundo Mirna, por acaso, Robinson acabou encontrando o produtor do melhor café do Brasil, ganhador do prêmio Coffe Of The Year de 2014 e 2015, que não costuma ser vendido para dentro do país, só exportado.

“Depois de ouvir a nossa proposta e história, ele entendeu que era um projeto de vida antes que qualquer coisa e simpatizou bastante com a ideia, aí passou a fornecer microlotes para a gente. Ficamos extremamente felizes porque jamais imaginamos que um produtor de café dessa alta qualidade fosse confiar na nossa ideia”, conta.
O Canela Café fica na Praça da Árvore de Mirassol até 11 de janeiro de 2016, funcionando das 17h às 23h.

Fonte: Novo Jornal RN

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