Para o Desembargador, venda da CAERN poderá ser uma das soluções para repor os recursos que foram sacados da Previdência Estadual. |
O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Cláudio Santos, apresenta uma sugestão para o governador Robinson Faria repor os recursos que foram sacados da Previdência Estadual: a venda de ativos do Estado, entre o quais empresas públicas — como a Caern (Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte) —, terrenos ou outros órgãos que poderiam ser privatizados.
O fundamental, destaca o desembargador, é fazer essa reposição dos valores retirados, porque o governo do Estado, após os sucessivos saques, não pode deixar a Previdência sem os recursos. Cláudio Santos lembra que a preocupação com o assunto não é de hoje. Ainda no governo Rosalba Ciarlini ele tomou uma decisão judicial que impedia o saque antecipado para cobrir gastos com folha de pagamento dos servidores ativos ou aposentados. O dinheiro teria que ficar, como previsto originalmente, para pagamento de aposentadorias e pensões futuras. “A se permitir que os gestores do Estado usem esse valor financeiro (…) estar-se-ia compactuando com verdadeira malversação de recursos”, disse, na ocasião. Uma lei estadual, logo depois, aprovada na Assembleia, autorizou os saques para complementar o pagamento da folha de aposentados.
Cláudio Santos afirma que o governo pode encontrar recursos com privatizações |
Nesta entrevista, o desembargador avalia como positivo o ano no Tribunal, um período de corte em gratificações e enfrentamento com sindicalistas . Ele considera que houve um arrefecimento do ambiente e conta com uma retomada do diálogo com o Sindicato. Mas continua enfático ao afirmar que é preciso mudanças na estrutura do Estado. Refere-se à necessidade de dificultar o acesso à Justiça para demandas que considera irrelevantes e poderiam ser resolvidas por policiais e órgãos como o Procon. E reconhece que é preciso mudar também a “cultura interna”.
Emanuel Amaral
Cláudio Santos defende a reposição de recursos do Fundo da Previdência |
Qual avaliação o senhor faz das atividades deste ano no Tribunal?
Foi um ano muito positivo. Desde o meu discurso destaquei a necessidade de fazer economia e respeitar o dinheiro público. Não e um desafio apenas o Judiciário do Rio Grande do Norte, mas o Poder Judiciário brasileiro. O Judiciário entrou neste discurso de que todos têm direito a tudo de graça, inclusive o acesso à Justiça. Isso terminou por formar uma cultura no sentido de que estamos à disposição para resolver tudo, inclusive questões pouco importantes. No mundo civilizado, vão para o juiz questões importantes. Mas venderam a ideia político-ideológica de que todo o povo tem acesso à Justiça e de forma muito aberta. Isso, lamentavelmente, não é possível.
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