Compartilhamento:

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Hub da Azul em Recife é bom para Natal, dizem especialistas



A vantagem de Natal como candidata a sede do hub da TAM no Nordeste aumentou nesta semana com o anúncio da informação que a Azul Linhas Aéreas vai operar vôos para 12 novos destinos nacionais partindo de Recife, a começar do próximo mês. Apesar de parecer contraditório, é nisso que acreditam autoridades potiguares e especialistas. A partir de Pernambuco, a companhia vai receber pousos e decolagens de todas as capitais do Nordeste e de várias cidades do país. Entretanto, a Azul negou que a estrutura seja um hub, como anunciado pela imprensa pernambucana. 

Especialistas afirmam que o aumento das operações no terminal dos Guararapes, localizado na capital pernambucana, deve desencorajar a Latam (fusão da brasileira TAM com a chilena LAN) a investir lá os R$ 10 bilhões previstos na implantação do seu centro de conexões (hub) para atender até 80 destinos internacionais. Isso porque o aeroporto já tinha pouco espaço para expansão e não deverá ter capacidade para atender a dois “hubs”. Concorrem ao investimento Natal, Recife e Fortaleza.

O aeroporto Internacional Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana de Natal, teria espaço para sediar até quatro centros de conexões nacionais e outros dois internacionais (no porte do que a Latam pretende construir), segundo apontou o consultor e especialista em energia e logística, Jean-Paul Prates, do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne). Ele reforçou que atualmente nenhum aeroporto entre os concorrentes atende a toda a necessidade da Latam, mas Natal é o único com capacidade para tanto. “A TAM vai avaliar isso. Os concorrentes não têm espaço para expansão. Isso já está comprovado pelos pedidos que fizeram ao governo federal para ficarem com as áreas militares. A grande vantagem da TAM em Natal é que ela não vai ter limites para construir”, afirma.

Prates ainda avalia que associar a concentração dos novos vôos em Recife a um hub foi mais uma jogada de marketing do governo pernambucano. “Um hub é um conceito muito mais extenso que congregação de vôos”, considera. O hub, de acordo com ele, exige investimento em construções de estruturas exclusivas, como base para a tripulação, sede operacional, hangar, oficina, entre outros. Em uma central como essa, as companhias precisam de estrutura para rotear voos e remanejar cargas. 

O secretário de Turismo do Rio Grande do Norte, Ruy Gaspar, que ficou responsável dentro do governo pelas articulações em torno do hub da Latam, lembra que Recife já era a principal base da Azul no Nordeste e que a ampliação das operações já era esperada por quem acompanha o mercado da aviação civil. “Eu acredito que Pernambuco seja o melhor local para um hub regional. Reforço: regional. Isso por causa da própria economia e da localização. Mas esse hub exclui Recife da disputa da TAM. Ela não tem capacidade de expansão para atender dois”, argumenta. 

Gaspar não descartou que o número de vôos da TAP também possa aumentar em Recife. A companhia portuguesa foi comprada pela Azul e seus aviões poderiam embarcar lá passageiros oriundos de várias regiões do país, que chegariam através da companhia brasileira.

A mesma possibilidade é apontada pelo Carlos Alberto Medeiros, professor de Logística no curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para ele, apesar de a empresa não querer dar nome de hub, a concentração dos vôos, inclusive com a vocação de fazer ligação para Europa (através da TAP) já caracterizaria um.


A crise econômica teria sido a principal motivação para o adiamento da decisão da TAM – prevista para dezembro e deixada para o primeiro semestre deste ano. Apesar disso, Carlos Alberto acredita que a definição será, de fato, até junho, já que a empresa fechou acordos comerciais com a IAG (controladora do British Airways, Iberia e Vueling) e com a American Airlines. As empresas fizeram um contrato “joint venture” - expressão que define a união de pelo menos duas empresas para realizar uma atividade econômica comum. Elas vão compartilhar acentos e destinos. De acordo com a TAM, os acordos vão possibilitar que o hub do Nordeste atenda 80 destinos internacionais, ao invés de 10 esperados anteriormente. “O hub vai atender todas essas companhias. Precisa de uma área de expansão muito grande que só Natal tem”, aponta.

“É inevitável que o hub (da TAM) se instale. Mesmo com o país em crise, o aumento do comércio internacional, com grande rotatividade de carga, e o crescimento da própria aviação civil exige isso”, conclui Carlos Alberto. 
FOnte: Novo Jornal

Nenhum comentário:

Postar um comentário