Compartilhamento:

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O MAIOR HELICÓPTERO DO BRASIL: MARINHA RECEBE PRIMEIRO HELICÓPTERO H-225M ARMADO COM MÍSSEIS EXOCET

Helicóptero mais complexo já construído no Brasil pode transportar 28 soldados ou então atacar navios inimigos com mísseis Exocet
O helicóptero da imagem é o primeiro H-225M da Marinha do Brasil, armado com mísseis Exocet (Thiago Vinholes)
  
“Tremei-vos, vizinhos!”, essa é a mensagem que uma nação transmite ao mostrar um helicóptero de última geração carregando alguns dos armamentos mais letais do mundo. E o Brasil tem um desses, o H-225M , fabricado pela Helibras, e que pode ser armado com o Exocet, o famoso míssil anti-navio desenvolvido na França, pela MBDA Missile Systems.

O primeiro aparelho desse tipo para a Marinha do Brasil (MB) foi apresentado a imprensa e autoridades nessa terça-feira (25), em Itajubá (MG), na fábrica da Helibras, empresa que faz parte do grupo Airbus. O H-225M é a versão naval do H225 “Super Puma”, como é chamado o mesmo aparelho fabricado na Europa, pela Airbus Helicopters. No Brasil, ele é o “Caracal”.
Grande, rápido e com sistemas de alta tecnologia, o H-225M é o helicóptero mais avançado já construído pela indústria nacional. O projeto da célula (o “corpo” do helicóptero) é europeu, mas a integração dos equipamentos de busca e armamentos foi desenvolvido por empresas brasileiras, como a Avibras e Mectron, que participam do programa H-XBR. O projeto prevê a produção de 50 helicópteros AS225 em diferentes versões para Marinha, Exército (EB) e a Força Aérea Brasileira (FAB).

A Helibras já entregou 26 unidades do novo helicóptero para as forças armadas brasileiras: sete aparelhos para a MB, nove para o EB e outros 10 para a FAB, incluindo os dois modelos de transporte oficial de autoridades.
O H-225M pode voar a mais de 320 km/h e alcançar 6.000 metros de altitude (Thiago Vinholes)
Helicóptero de guerra naval
O H-225M da Marinha é o primeiro Caracal com sistema de armas. Para lançar um artefato desse tipo não basta apenas instalar um “cabide” de armamentos, sobretudo para disparar o Exocet. O helicóptero possui um radar de busca marítima (modelo APS-143), capaz de encontrar embarcações a mais de 300 km de distância e que ajuda no sistema mira do míssil – o novo helicóptero pode levar dois Exocet. Ao todo, a MB vai receber cinco H225 .
O Exocet foi usado pela primeira vez na Argentina, durante a Guerra das Malvinas (Thiago Vinholes)
“Reconhecemos que a Marinha, assim como as outras forças nacionais, ainda precisa de mais meios de defesa e vigilância, sobretudo para proteger as riquezas de nossa ‘Amazônia Azul’. Porém, esses cinco helicópteros com a capacidade de lançar o Exocet vão aumentar significativamente a capacidade da Marinha em operações marítimas de longo alcance, além de elevar nosso poder de dissuasão”, afirmou o capitão de fragata Sandro Monteiro, gerente logístico da Marinha no programa H-XBR.

Até então, a Marinha do Brasil utilizava apenas o Exocet na versão para ser lançada a partir de navios – também existem variações do míssil francês que podem ser disparadas de aviões, veículos terrestres e até de submarinos. O Exocet que equipa o AS225M é o modelo “AM39 B2M2”, a versão mais recente desenvolvida pela MBDA para helicópteros.
“A principal função de um míssil como o Exocet é a dissuasão. Nenhuma força armada no mundo pretende lançá-los. No entanto, se for preciso, é um meio de defesa extremamente eficiente. Já vimos o potencial do Exocet em conflitos no Oriente Médio e também aqui na América do Sul”, explicou Patrick de La Revelière, vice-presidente de exportações da MBDA, se referindo às guerras do Irã-Iraque e a Guerra das Malvinas, quando forças da Argentina utilizaram o míssil pela primeira vez, em 1982, e afundaram de forma devastadora dois navios da poderosa marinha britânica.
O Exocet que será usado nos H-225M ainda tem componentes nacionais. O motor, por exemplo, será construído pela Avibras, enquanto o sistema de orientação é projetado pela Mectron. O “caminho” do Exocet até o alvo é programado pelo radar do helicóptero e, na fase final, o radar do próprio míssil assume o comando até alcançar a parte inferior do casco da embarcação, onde explode.

A Marinha trata os detalhes sobre o desempenho do Exocet como “segredo nacional”. No entanto, segundo informações da MBDA, o míssil pode ser disparado a distâncias entre 70 e 180 km, dependendo de qual é lançado – a versão com maior alcance é a lançada por aviões. A MB também não divulga quantos mísseis Exocet tem no estoque. “Uma força militar não pode colocar as cartas na mesa dessa forma. O segredo é outra parte da força de dissuasão”, disse o diretor da MBDA.
Certamente, uma visão ameaçadora para um navio inimigo, a de um AS225M levando dois Exocet (Thiago Vinholes)
Maior helicóptero do Brasil
Apesar do tamanho e peso – o H-225M tem quase 20 metros de comprimento e pode decolar pesando 11 toneladas -, o novo helicóptero da Marinha acelera como se fosse leve. A força gerada pelos dois motores turboshafts (turbinas), cada uma com cerca de 2.800 hp, pode levar o aparelho até 320 km/h, quase a mesma velocidade máxima dos AH-2 Sabre, o helicóptero de ataque da FAB.

O H-225M é comandado por dois pilotos e dois operadores de sistemas de busca e armas. No entanto, também pode ser convertido para transportar tropas, com espaço para até 28 soldados totalmente equipados – como comparação, o Embraer KC-390 comporta 80 soldados. Já o alcance do helicóptero gira em torno de 860 km – a FAB já voa na versão com sonda de reabastecimento.

O modelo que aparece nas fotos, ainda sem a pintura militar, será incorporado à frota da Marinha em 2018. A MB vai receber 16 modelos H-225M em três versões, que a corporação chama de “Básica” (de transporte), “C-SAR” (combate, busca e salvamento) e “Operacional”, o modelo armado com os Exocet. Os modelos navais também são preparados para operarem a partir de embarcações, o que exige cuidados especiais contra corrosão e o uso de trem de pouso mais resistente.

O novo helicóptero da Marinha também é equipado com sistemas de contramedidas contra mísseis, os chamados “Flares” e “Chaff”. O primeiro, parecido com fogos de artificio, é concebido para afastar mísseis orientados por calor, enquanto o segundo elemento são como tiras de alumínio, que confundem os radares de outras aeronaves ou mísseis com esse tipo de orientação.

No próximo ano, os novos sistemas de armas e sensores do H-225M passarão pela avaliação e certificação da autoridade militar, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA-IFI). A Marinha, porém, novamente não confirma se vai disparar algum Exocet em testes contra alvos marítimos, como fez em abril deste ano. “Eu, como fabricante de mísseis, adoraria que a Marinha do Brasil testasse um Exocet”, comentou La Revelière, durante entrevista coletiva.

“O ganho que a indústria brasileira teve com a transferência de tecnologia no projeto H-XBR é enorme. O Brasil agora tem a capacidade de desenvolver e construir alguns dos helicópteros mais avançados do mundo. Além disso, esse foi a primeira aeronave desenvolvida seguindo os requisitos da Marinha brasileira”, celebrou Richard Marelli, presidente da Helibras.
As forças armadas do Brasil encomendaram 50 helicópteros AS225 com a Helibras (Thiago Vinholes)
A fabricante ainda afirma que existe a possibilidade de exportar a versão brasileira do H225. “É uma venda complexa, por que depende de uma série de autorizações dos países onde os componentes são fabricados. Mas é viável. No entanto, primeiro precisamos de clientes”, completou Marelli.

Fonte: http://airway.uol.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário