Imunizante feito em parceria com a AstraZeneca teve liberação para uso emergencial no domingo passado. Mais de 1,5 mil potiguares participaram da terceira fase da pesquisa.
Vacina de Oxford (AstraZeneca), Pesquisa foi feita no Brasil, Reino Unido e África do Sul — Foto: Siphiwe Sibeko/Pool via AP
Mais de 750 voluntários que tomaram placebo na terceira fase da pesquisa da vacina de Oxford em parceria com a AstraZeneca contra a Covid-19 no Rio Grande do Norte começaram a ser imunizados no estado.
Ao todo, 1.523 potiguares participaram da fase de testes no método duplo cego - em que nem participantes e nem os pesquisadores sabem inicialmente quais foram os escolhidos para receber o imunizante contra a Covid-19 ou o placebo. Metade foi destinada pra cada grupo no estado.
A revelação para os pacientes começou a ser feita na quinta-feira (21) após a autorização da Anvisa para o uso emergencial da vacina, no domingo passado, e liberação das demais instâncias regulatórias da pesquisa.
"Ontem (quinta-feira) nós quebramos o cego de 80 participantes e foi uma alegria, uma emoção muito grande. As pessoas que já estavam vacinadas ficaram muito emocionadas", explicou a infectologista e professora do departamento de infectologia da UFRN, Eveline Pipolo, que é investigadora principal do estudo da vacina de Oxford no Rio Grande do Norte.
"Da mesma forma o sentimento das pessoas que não estavam vacinadas e que foram para tomar a primeira dose da vacina".
Para dar os resultados a todos o participantes o mais rápido possível, a pesquisa vai recebê-los inclusive aos sábados e domingos para atendimentos. "Nós estamos realmente correndo muito para chamá-los no menor tempo possível, mas mantendo o padrão de qualidade. Nós não podemos perder", explicou Eveline.
Vacina Oxford/Astrazeneca — Foto: REUTERS/Dado Ruvic
"A gente entende que as pessoas estão ávidas para tomar a vacina ou pra saber o que tomaram. E é um direito delas. Mas é preciso ter um pouco de calma e compreender que nós precisamos fazer o nosso trabalho com qualidade e essa qualidade vai refletir para eles".
Uma das participantes da pesquisa foi a professora de música Letícia Nascimento, de 25 anos, que estava no grupo que recebeu a vacina.
"É uma alegria muito grande poder fazer parte desse processo, que é muito trabalhoso para todos, mentalmente e psicologicamente, principalmente para os mais envolvidos. E a gente vê a alegria não só da gente, que foi vacinado, como também do profissionais em saber que o trabalho árduo deles está tendo um resultado positivo para a sociedade", disse.
A professora de música Letícia Nascimento, de 25 anos, foi uma das voluntárias da pesquisa — Foto: Igor Jácome/G1
Apesar da alegria pela imunização, ela diz que ainda lamenta pela família não poder compartilhar do mesmo sentimento.
"Mesmo estando imunizada, tem aquele momento de pensar que a família não está ainda. Meus avós, eu ainda não posso dar um abraço neles. Mas está mais perto do que longe. Eu estando imunizada foi um passo dado para que minha família possa ter a oportunidade de ser vacinada".
A infectologista Eveline Pipolo explicou que o grupo considerado de "controle" - que tomou o placebo - recebeu uma vacina contra a meningite na primeira dose e uma de soro fisiológico na segunda. Agora, os participantes desse grupo também receberão as duas doses da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19.
A pesquisa, que teve início no dia 22 de setembro do ano passado no Rio Grande do Norte, no entanto, não chega ao fim neste momento. A contar a partir do dia que foram vacinados, os pacientes serão acompanhados por mais 13 meses.
"Os voluntários estão prestando um grande serviço à humanidade. Através deles é que nós vamos saber, por exemplo, por quanto tempo essa vacina imuniza. Os sangues colhidos em exames foram enviados para Oxford e lá são feitos estudos altamente sofisticados" explicou a infectologista Eveline Pipolo.
"A gente também observa todas as reações da vacina, quantas pessoas tiveram dor de cabeça, quantas pessoas tiveram febre, dor no corpo. Aquelas reações normais de vacina, que foram simples, comuns a outras vacinas".
Ao todo, a pesquisa foi feita com 10 mil voluntários em seis cidades do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Porto Alegre e Santa Maria (RS). No centro de Natal, segundo a investigadora principal, não houve casos graves de Covid-19. Os que tiveram, apresentaram a doença de maneira leve.
Vacina de Oxford/AstraZeneza
A vacina de Oxford tem uma eficácia média de 70,4% podendo chegar a até 90%. Com temperatura necessária entre 2 e 8 graus para armazenamento, a vacina é considerada de fácil transporte e distribuição. No Brasil, a Fiocruz é parceira da Universidade de Oxford e vai receber a tecnologia para produzir a vacina.
Nesta sexta-feira (22), a Índia anunciou o envio de 2 milhões de doses da vacina da Oxford/AstraZeneca para o Brasil.
Fonte: G1 RN
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