Enfermidade pode ter sido a causa da morte de uma criança de 5 anos em Bertópolis; taxa de letalidade é de quase 100%.
A raiva é a principal doença que os morcegos podem adquirir e transmitir para o homem e para outros mamíferos - Foto: Pixabay/Divulgação |
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) investiga a morte de uma criança de 5 anos, que pode ter sido infectada por raiva humana em Bertópolis, na região do Vale do Mucuri. Se confirmado, este será o terceiro caso da doença registrado no Estado em um intervalo de 13 dias. Para o infectologista Leandro Curi, a volta da enfermidade após 10 anos sem registros no território mineiro é preocupante, já que a taxa de letalidade é de quase 100%. No entanto, ele ressalta que ainda é cedo para falar em surto.
A morte em investigação ocorreu no último domingo (17) no mesmo município onde outros dois diagnósticos de raiva humana já haviam sido confirmados. Segundo a SES, apesar de o menino não ter apresentado sintomas clássicos da doença e nem a presença de sinais de mordidas ou arranhões de morcego, o caso será apurado por causa da proximidade geográfica com os outros dois já confirmados. De acordo com a pasta, “amostras foram coletadas e enviadas para exame laboratorial”.
Os dois casos de raiva com diagnóstico confirmado anteriormente ocorreram em uma aldeia indígena, na zona rural de Bertópolis. O primeiro óbito foi de uma criança de 12 anos, que morreu no último dia 4, após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município com sintomas de confusão mental, febre, dores e vômitos.
O outro diagnóstico confirmado é de uma menina de 12 anos. Ela está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) há uma semana, após piora clínica. De acordo com a SES, o protocolo de tratamento de raiva humana está sendo aplicado. “Ambas as notificações estão relacionadas a mordedura por morcego”, esclareceu a pasta em nota.
Alerta:
O infectologista Leandro Curi comenta que ainda é preciso esclarecer se trata-se de um problema pontual em Bertópolis ou se há ameaça para o Estado. Independentemente disso, ele orienta a população a ficar atenta aos riscos de contaminação pela raiva humana.
Segundo Curi, em caso de suspeita da doença, é preciso procurar um médico imediatamente. “Esperar os sintomas não é boa estratégia. Tem que se fazer a profilaxia (vacinação e soro) ainda no período de incubação. O segundo estágio é tarde demais. Poucas pessoas, na história da literatura médica, sobreviveram”, alerta.
Infecção amedronta moradores da cidade:
Os casos de raiva humana na zona rural de Bertópolis, no Vale do Mucuri, têm amedrontado moradores da cidade com menos de 5 mil habitantes. O escrivão Jailton Dantas, 69, recorre à fé e pede pela saúde de todos. “Eu tenho medo demais. Peço que Deus abençoe e que mais ninguém tenha essa doença”, comenta.
Até mesmo em cidades vizinhas, o assunto tem sido tema das rodas de conversa. “Só se fala nisso por aqui. Estamos com muita pena dos moradores da aldeia indígena”, diz o contabilista Carlos Alberto Guimarães, 55, morador de Águas Formosas, também no Vale do Mucuri.
Prevenção:
Desde que a primeira notificação de raiva humana foi registrada em Bertópolis, a Secretaria de Estado de Saúde afirma ter adotado uma série de medidas para prevenir e controlar a raiva na localidade. Dentre elas, a pasta ressalta a busca ativa de pessoas que estiveram sob risco de contaminação e o encaminhamento delas para atendimento médico.
Cães e gatos da região estão sendo imunizados com a vacina antirrábica pelos agentes de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde de Bertópolis. Cem doses foram disponibilizadas e a aplicação começou em 6 de abril.
Os moradores da região também têm participado de ações de educação em saúde. Nelas, eles ficam sabendo um pouco mais sobre a raiva, medidas de prevenção e controle.
Fonte: O Tempo
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