Em meados dos anos 1980, o poeta João Cabral de Melo Neto entregou para a filha Inez um fichário escolar com alguns manuscritos dentro.
29 de Outubro de 2013
Em meados dos anos 1980, o poeta João Cabral de Melo Neto entregou para a filha Inez um fichário escolar com alguns manuscritos dentro. “A cegueira não me deixou terminar, faça o que quiser com isso”, disse o escritor a respeito do estudo para um auto que se chamaria “A Casa de Farinha”. O texto finalizado resumia-se a poucos diálogos, mas Inez percebeu que o material entregue pelo pai trazia uma joia rara: seu processo criativo.
“Ao ler o texto, deparei-me com seu jeito de ser e trabalhar, e com o caminho percorrido desde a ideia inicial até o trabalho concluído”, escreve ela no prefácio de “Notas Sobre um Possível A Casa de Farinha”, publicado agora pela editora Alfaguara.
Trata-se dos bastidores de uma criação na qual João Cabral começou a trabalhar em 1966 - e o livro traz os rascunhos incompletos dos primeiros versos, escritos em 1985. A cegueira impediu seu término e o aumento da falta de visão é notado na caligrafia do poeta que, de redonda e perfeita, torna-se, aos poucos, torta e quase ilegível.
Mesmo incompleto, o livro é precioso ao revelar a minuciosa pesquisa de João Cabral sobre um assunto que conhecia desde a meninice: o ambiente do local onde é tratada a mandioca até se chegar na farinha. O vocabulário, os hábitos, a prosódia, os detalhes mínimos do processo de produção, nada escapa ao poeta, que testa versos sobre o conflito entre tradição e modernidade.
Inez Cabral passou a limpo, na máquina de escrever, também os últimos livros publicados pelo pai: "Sevilha Andando" e "Andando Sevilha".
“Ao ler o texto, deparei-me com seu jeito de ser e trabalhar, e com o caminho percorrido desde a ideia inicial até o trabalho concluído”, escreve ela no prefácio de “Notas Sobre um Possível A Casa de Farinha”, publicado agora pela editora Alfaguara.
milton michidaFilha Inez Cabral lança escritos inéditos deixados pelo pai, João Cabral de Melo Neto
Trata-se dos bastidores de uma criação na qual João Cabral começou a trabalhar em 1966 - e o livro traz os rascunhos incompletos dos primeiros versos, escritos em 1985. A cegueira impediu seu término e o aumento da falta de visão é notado na caligrafia do poeta que, de redonda e perfeita, torna-se, aos poucos, torta e quase ilegível.
Mesmo incompleto, o livro é precioso ao revelar a minuciosa pesquisa de João Cabral sobre um assunto que conhecia desde a meninice: o ambiente do local onde é tratada a mandioca até se chegar na farinha. O vocabulário, os hábitos, a prosódia, os detalhes mínimos do processo de produção, nada escapa ao poeta, que testa versos sobre o conflito entre tradição e modernidade.
Inez Cabral passou a limpo, na máquina de escrever, também os últimos livros publicados pelo pai: "Sevilha Andando" e "Andando Sevilha".
Nenhum comentário:
Postar um comentário