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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Cientistas encontram anticorpo capaz de neutralizar o HIV em 98% dos casos

Como o vírus é capaz de responder rapidamente às defesas imunitárias do organismo, encontrar um anticorpo que possa bloquear uma vasta gama de estirpes se tornou uma atividade muito difícil. No entanto, com a nova descoberta, cientistas poderão começar a formar a base para uma possível vacina contra o vírus, segundo informações da Science Alert.

O anticorpo, chamado N6, conseguiu manter sua capacidade de reconhecer o HIV até mesmo quando o vírus se transformou e se separou dele. Ele também foi tido como 10 vezes mais potente do que VRC01 – anticorpo de mesma classe que o N6 que havia passado para ensaios clínicos de fase II em pacientes humanos, após proteger macacos contra o HIV por um período de quase seis meses.

Segundo Anthony S. Fauci, do National Institute of Allergy and Infectious Diseases, dos EUA, “a descoberta e caracterização do anticorpo com excepcional amplitude e potência contra o vírus fornece um importante avanço para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento do HIV”.

Um anticorpo, basicamente, é uma proteína produzida pelo sistema imunológico em resposta a agentes patogênicos potencialmente nocivos, como bactérias e vírus. Ele é responsável pela identificação e destruição dos patógenos, e o faz se unindo a eles para neutralizar seus efeitos biológicos por conta própria, ou pela sinalização aos glóbulos brancos – que aparecerão para destruí-los.

Na recente pesquisa os cientistas expuseram o N6 a 181 linhagens diferentes de HIV, conseguindo destruir 98% delas, incluindo 16 das 20 estirpes resistentes a outros anticorpos de mesma classe. Ele foi considerado um passo significativo, uma vez que o anticorpo estudado anteriormente, VRC01, impediu que 90% das cepas do vírus infectassem células humanas.

O anticorpo N6 ainda foi considerado ter extraordinária amplitude e potência. “Dos anticorpos considerados para o experimento clínico, existem os que são extremamente amplos, porém moderados em potência (como o 10E8 ou VRC01), e os extremamente potentes, mas menos amplos (como o PGT121 ou PGDM1400)”.

Os pesquisadores acompanharam a evolução de N6 ao longo do tempo para ver como ele respondia às mudanças de forma do HIV, e descobriram que ele confiava menos em se ligar às partes do vírus que estavam mais propensas a mudar – conhecidas como região V5 – e o fazia em partes que se transformavam menos em cada estirpe.

Assim, ao se anexar no vírus, o anticorpo foi capaz de impedir que ele se ligasse a outras células imunes do hospedeiro e as atacasse – o que torna as pessoas soropositivas mais vulneráveis à AIDS. Também foi verificado que mutações do HIV mais resistentes ao N6 raramente apareciam, o que sugere que o vírus não pode responder a esse anticorpo tão rapidamente quanto aos outros estudados.

Contudo, há de se considerar que, até agora, os resultados foram observados apenas em laboratório e, por isso, até os vermos replicados em ensaios com humanos, teremos de permanecer cautelosamente otimistas.

O estudo foi publicado recentemente na revista Immunity.

Fonte: http://www.jornalciencia.com

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